sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Revolução Industrial Caseira (Capítulo 2) - Moloch: O Modelo Sloanista de Produção em Massa

Moloch: O Modelo Sloanista de Produção em Massa



Introdução



O modelo de produção em massa carregava alguns fortes imperativos: primeiro, ele exigia produção em grandes lotes, operando o enormemente dispendioso maquinário produto-específico em capacidade total para minimizar os custos unitários (nas palavras de Amory Lovins, "o cada vez mais rápido fluxo unitário de materiais, do esgotamento à poluição”); e, segundo, ele exigia controle social e previsibilidade para garantir que a produção seria consumida, para que inventários crescentes e mercados saturados não fizessem as rodas da indústria pararem de girar. Utilizar a capacidade, utilizar a capacidade, isso é Moisés e os profetas. Eis Lewis Mumford quanto ao princípio:


Conforme os métodos mecânicos se tornaram mais produtivos, cresceu a noção de que o consumo deveria se tornar mais voraz. Por trás disto está uma ansiedade para que a produtividade da máquina não crie um excesso no mercado...


Esta ameaça é superada pelos "dispositivos do desperdício competitivo, do acabamento de má qualidade e da moda...".
Como descrito por Michael Piore e Charles Sabel, o problema era que recursos produto-específicos não podiam ser realocados quando o mercado mudava; sob tais condições, o custo da imprevisibilidade do mercado era inaceitavelmente alto. Mercados para a produção da indústria de produção em massa tinham que ser garantidos porque o maquinário altamente especializado não podia ser realocado para outros usos com a mudança na demanda. "Uma peça do maquinário moderno dedicado à produção de uma única parte não pode ser passado para outro uso, não importa o quão baixo o preço daquela parte caia ou quão alto o preço de outros bens suba".


A produção em massa exigia grandes investimentos em equipamento altamente especializado e trabalhadores estritamente treinados. Na linguagem da manufatura, estes recursos eram "dedicados": adaptados à fabricação de um produto em particular - frequentemente, na verdade, apenas a um feitio ou modelo. Quando o mercado para aquele produto em particular declinava, os recursos não tinham nenhum lugar para ir. A produção em massa era, portanto, lucrativa apenas com mercados que eram grandes o suficiente para absorver uma produção enorme de uma única mercadoria padronizada e estável o suficiente para manter os recursos envolvidos na produção daquela mercadoria continuamente empregados. Mercados deste tipo... não ocorriam naturalmente. Eles tiveram que ser criados.
.... Se tornou necessário que as firmas organizassem o mercado de maneira a evitar flutuações na demanda e criassem uma atmosfera estável para investimento lucrativo de longo-prazo.
...[Houve] duas consequências da descoberta dos americanos de que a lucratividade do investimento em equipamento de produção em massa depende da estabilidade dos mercados. A primeira destas consequências foi a construção, da década de 1870 até a década de 1920, de corporações gigantes, que poderiam equilibrar a demanda e a oferta dentro de suas indústrias. A segunda consequência foi a criação, duas décadas mais tarde, de um sistema Keynesiano para equiparar a produção e o consumo na economia nacional como um todo.


Ralph Borsodi argumentava que "[c]om a produção serial, ...o homem se aventurou em um mundo às avessas no qual


bens que se desgastam rapidamente ou que saem de moda antes que tenham a chance de se desgastarem parecem mais desejáveis do que bens que são duráveis e suportáveis. Bens agora têm que ser consumidos rapidamente ou descartados rapidamente, de modo que a compra de bens para tomar seu lugar mantenha a fábrica ocupada.
Pelo sistema antigo, a produção era meramente o meio para um fim.
Pelo novo sistema, a produção em si se tornou o fim.
Com a operação contínua do maquinário [da fábrica], quantidades muito maiores de seus produtos devem ser vendidas ao público. O público compra, normalmente, apenas tão rápido quanto consome o produto. A fábrica é, portanto, confrontada com um dilema; se ela fizer coisas bem, seus produtos serão consumidos, mas lentamente, ao passo que se ela os fizer precariamente, seus produtos serão consumidos rapidamente.
Ela naturalmente faz seus produtos tão precariamente quanto se atreve.
Ela encoraja a depreciação prematura.

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